terça-feira, 14 de agosto de 2012

Egressos da Escola Estadual Martins Júnior representam o Brasil em feira de ciências no Paraguai


Projeto apresentado foi desenvolvido pelos jovens durante o ensino médio



Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Mas tudo indica que essa teoria não se aplica à Escola Estadual Martins Júnior, na Torre. Depois de ganhar destaque, no ano de 2007, através do estudante Alcides Nascimento, primeiro lugar da rede pública em biomedicina na UFPE, um grupo de alunos tem conquistado notoriedade com um audacioso projeto de ciências: uma fotocélula capaz de gerar energia a partir de materiais caseiros e sustentáveis.
O pioneirismo dos alunos fez com que eles fossem convidados a representar o Brasil na “Expo Science Latin American 2012”?(ESI AMLAT), que foi realizada no início do mês, em Assunção, no Paraguai. O projeto, desenvolvido pelos estudantes sob a orientação da professora de química Joselma Maria da Silva, foi destaque, em São Paulo, em março deste ano, na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada na USP, para a qual foram convidados. O projeto chamou tanta atenção que a universidade se comprometeu a doar materiais (vidros de laboratório) para a escola, que tem ajudado na pesquisa.
Apesar de não se tratar de uma unidade técnica - a Martins Júnior apenas este ano passou a funcionar no regime de Escola Integral - a escola conquistou, com esse projeto de ciências, em outubro de 2011, o primeiro lugar na “XXII Ciência Jovem no Espaço Ciência", na categoria Desenvolvimento Tecnológico, disputando com instituições públicas e particulares. Esta premiação levará os alunos à "Expo Science Latin American 2012” (ESI AMLAT).



O êxito conquistado pelos alunos contrasta com a dura realidade da comunidade de Jardim Primavera, onde a violência continua deixando tristes estatísticas. Como o assassinato de Alcides, que poderia ser mais um entre tantos casos. Mas pelo que ele representou para escola, tornou-se um exemplo para os estudantes que continuam superando as dificuldades e provando que é possível vencer os desafios através da educação.
“Sou professora de química há 28 anos e trabalho na Escola Martins Júnior há 18. Tive o privilégio e o orgulho de ver passar nas nossas salas de aula alunos como Alcides e tantos outros que nos fazem lembrar o tempo inteiro como é bom poder fazer algo que possa inferir na vida e na realidade das pessoas. Depois de tanto tempo, ainda parece que comecei ontem e fico triste quando penso na aposentadoria. Por isso, continuo jogando aminha rede e me surpreendendo a cada ano com os alunos”, declarou.
Para a estudante Eduarda Mota, a viagem do grupo ao Paraguai premia o esforço que eles tiveram para desenvolver o projeto. “Participar dessa feira é um reconhecimento de um trabalho que já desenvolvemos há 3 anos. A ideia central do nosso trabalho é explorar a energia solar, que é abundante no Brasil. Para isso, substituímos as fotocélulas de silício utilizadas no mercado por uma fotocélula que produzimos a partir de materiais orgânicos. Conseguimos obter os mesmos resultados e até resultados mais eficientes a partir dessa nova fotocélula”, explicou.
Histórico- Começou a ser desenvolvido em maio de 2010, com a participação de apenas uma aluna (Eduarda Mota, 18 anos) e no início não obtivemos resultados favoráveis. Em 2011, o grupo aumentou para quatro alunos (entraram Caio Felipe, 19; Humberto Antônio, 18; e Samuel Tavares, 19). A partir daí, começaram a desenvolver o projeto em encontros semanais de quatro horas (nas tardes das segundas e/ou quartas), no período de março a outubro de 2011.
Depois de outubro de 2011, apareceram os primeiros resultados positivos, que foram orientando o grupo a definir uma metodologia mais eficaz, melhorando a eficiência da fotocélula. Então o grupo começou a testar várias formas de preparação e diversas variáveis que interferiam no rendimento da mesma.

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